terça-feira, 19 de junho de 2012

A sociedade e o poder por Foucault


Michel Foucault, nascido na França no século XIX, é um filósofo muito próximo da contemporaneidade, pois estudou parte da política que hoje se vivencia. Sua corrente de pensamento é baseada nas ideias de Friedrich Nietzsche, o que explica o fato de ele buscar a genealogia de conceitos. Foucault pesquisa então a genealogia das instituições, que descobre ser o poder. A partir daí, desenvolve ideias de como o poder é exercido e também de como já o foi no cotidiano social.
Primeiramente, é importante explicar alguns princípios de Nietzsche para que o pensador em questão seja compreendido. Esse intelectual que lhe serviu de base defende uma avaliação sobre a vida e seus componentes fundamentada em uma pluralidade de valores. Para isso, utiliza como método a genealogia. Tudo isso vai em sentido contrário ao que até então era predominante: uma avaliação de acordo com o bem e o mal, originada por Descartes. Assim sendo, o pensamento nietzscheano acredita que a sociedade desfruta de valores desvalorados e que um super homem seria um que ultrapassasse essa moralidade, o bem e o mal, indo além da metafísica. Também complementa com a ideia de que todo homem tem vontade de verdade e vontade de potência.
Para Foucault, essa vontade de verdade é o saber e a vontade de potência é o poder. E é exatamente do exercício desse poder que surgem as instituições. Para descobrir essa genealogia, analisou algumas clínicas psiquiátricas.
Ao retomar as ideias de Hobbes, Foucault desenvolve a sua tese. Na sociedade que o contratualista expõe existe uma instituição máxima de poder, o Estado,  que domina a massa e a deixa mansa por meio de uma relação vertical. No caso, entende-se que não há indivíduos dentro dessa massa.
O francês repensa essas ideias ao apresentar a rede microfísica do poder. Para ele, cada instituição (escola, igreja e família, por exemplo) exerce um micropoder sobre o indivíduo de forma eficiente, pois o fabrica. Esse poder é disciplinar e depende do tempo, do espaço, da vigilância e do saber. Todos esses micropoderes formam uma rede que torna mais fácil o controle do Estado. Portanto, os indivíduos serão disciplinados e dominados, mantendo assim a ordem , para que haja o progresso. Contudo, também é necessário lembrar que da mesma maneira que a dominação se exerce, os dominados também podem criar estretégias de resistência para driblar os mecanismos - já que não é possível saber se a mente do indivíduo também está “disciplinarizada”. Esse pensamento levou os anarquistas à estudá-lo posteriormente.
“O Panóptico” de Jeremy Bentham complementa a ideia de vigilância do poder disciplinar do autor. Os indivíduos estariam dispostos em um edifício que tem forma circular, com uma grande torre ao centro, onde estaria o vigilante. Cada pessoa ficaria em uma cela e seria observada pelo vigilante, que poderia vê-lo à todo momento. Já o prisioneiro não conseguiria perceber se realmente estava sendo observado ou não. Portanto, foi assim que os indivíduos introjetaram um comportamento servil. Na atualidade ele ainda pode ser encontrado, mesmo porque foi evidenciado a medida que as pessoas passaram a requisitá-lo - o que é demonstrado pela adoração à programas como o Big Brother Brasil ou até pela necessidade constante de câmeras de vigilância, de senhas ou até radares.
Com isso, Foucault reflete sobre a sociedade de controle em que vivemos, voltando-se para o conceito do biopoder, que é o poder que tem como intuito produzir a vida. O Estado passa, portanto, por uma inversão de valores, pois a partir do pensamento hobbesiano sua função seria “fazer morrer, deixar viver” e, ao contrário disso, Foucault acredita que com o biopoder há o “fazer viver, deixar morrer”. A grande questão para compreender essa mudança é que o Estado demonstra querer apenas produzir e manter a vida das pessoas que lhe são uteis, como consumidores e produtores. Portanto, deixa-se morrer os excluidos socio, economico e politicamente. Isso culminará no pensamento eugênico mais tarde, origem do nazismo. Fazer morrer alguns em prol do desenvolvimento de outros.
Assim sendo, o desenvolvimento das ideias desse autor permite que uma reflexão seja feita a respeito dos mecanismos de controle e de dominação do cotidiano social. Ao considerá-las, nota-se que o ser humano está sob dominação a todo o tempo - até mesmo no momento em que o individualismo e a liberdade triunfam.  Percebe-se até que o indivíduo por si só sempre sofreu influência desses poderes externos para se formar. Apesar de tudo isso, há ainda espaço para a resistência na sociedade. Há ainda espaço para a criação de uma consciência autônoma, que não seja disciplinarizada e que não defenda uma medida higienizadora.

terça-feira, 5 de junho de 2012

“Proletariado, uni-vos!”


Karl Marx, importante pensador alemão do século XIX, teceu diversas críticas ao sistema capitalista. Demonstrou como, no decorrer da história, a propriedade privada se mostrou um fator decisivo para uma crise no modelo social, que foi acentuada quando a burguesia fez da exploração do proletariado uma forma de produção. Com isso, a Revolução Proletária, segundo o autor, significa o fim da crise capitalista para a introdução do governo Socialista, pois para ele, a base de cada sociedade humana é o processo de trabalho. Não como ele se encontra atualmente, mas com os seres humanos cooperando entre si para fazer uso das forças da natureza e, portanto, satisfazendo as suas necessidades
Para Marx, o homem passa de uma situação de penúria e vai para um estado de abundância com essa revolução. Sendo o primeiro o estado primitivo do homem e o segundo o Comunismo. Ou seja, a ausência da propriedade privada. Retomando os princípios de Rousseau, Marx afirma que o cercamento de uma área para a prática de agricultura e ade pecuária gerou a propriedade privada, que, por sua vez, levou ao fim o nomadismo. Dessa maneira, surge a cidade política, na qual existe uma àgora para discussões. Nessa época, o campo se torna produtor de bens para a cidade. A cidade política passa a ser cidade comercial quando a àgora se volta principalmente ao comércio, sendo essa conhecida como feudo e conta com uma produção autosuficiente. A medida em que os feudos não comportavam mais indivíduos, as pessoas começam a se abrigar em volta dos muros, produzindo o artesanato - que será trocado, dando início à troca simples.
A cidade industrial aparece acompanhada ao aparecimento das indústrias. A partir deste momento, os bens são considerados mercadorias, a desigualdade social passa a ser algo descomunal e o privado começa a se beneficiar, atropelando o coletivo. Nessa época surgem os pensadores liberais, que tentam controlar a população da maneira que ela já está, e os pensadores radicais, em contraposição, incentivam uma revolta do proletariado.
De acordo com as ideias do pensador em questão, a exploração proletária teve início no momento em que os burgueses especializaram o trabalho. Até então, o trabalho era uma forma de objetivação da essência dos seres humanos, pois eles moldavam a natureza de acordo com eles mesmos. Dessa objetivação, surgiam os produtos. Entretanto, isso foi alterado com a industrialização, processo pelo qual os burgueses, detentores dos meios de produção, os ofereciam em troca de trabalho. Perceberam que, ao dividir as tarefas entre as pessoas, produziriam mais durante o mesmo período de tempo. Dessa maneira cada operário só sabia fazer uma parte do produto. Isso fez com que os seres humanos não mais se identificassem com os objetos produzidos no trabalho, pois não sabiam produzi-los inteiramente. Não há mais então realização no trabalho, mas sim alienação, o que é bem demonstrado por Charles Chaplin, no filme “Tempos Modernos”.  A partir do momento em que as pessoas estão alienadas, elas aceitam passivamente a dominação pela qual estão sendo submetidas.
Esse espaço de tempo entre a era capitalista e a Revolução Proletária é denominado pelo filósofo como um período de crise. Em “O Capital”, Marx analisou o capitalismo não como a forma de sociedade correspondente à natureza humana, mas como um modo de produção historicamente transitório cujas contradições internas o levariam à quebra do sistema. O Comunismo, nesse contexto, introduziria uma sociedade de lazer, onde as pessoas trabalhariam menos e onde não haveria a propriedade privada. A Revolução Proletária será a primeira e única revolução do povo e para o povo. As outras revoluções só fizeram uma mudança do grupo social que estava no poder e não levaram a profundas mudanças na sociedade. Para ele, essa revolução consiste em três etapas. Primeiramente, defende que uma revolução armada do proletariado deve acontecer. Em seguida, ocorrerá a consciência de classe. E, só então, os operários perceberão que estavam sendo explorados.
Portanto, de acordo com os princípios desse pensador, os mecanismos de dominação presentes no sistema capitalistas são formulados pelos burgueses e aplicados ao proletariado. Além dessa opressão retratada no texto, deve-se considerar que uma importante ferramenta para a manutenção dessa dominação são medidas paliativas, como o Bolsa Família atualmente, que evitam a revolução por meio da distribuição mínima da renda. Dessa forma, Marx se tornou o mais rigoroso crítico do capitalismo. Sua meta era entendê-lo como uma forma de sociedade, descobrir o que faz o capitalismo diferente das formas anteriores de sociedade, e que contradições levariam à sua futura transformação. Assim, ele questionou a imposição do capitalismo, propondo uma luta de classes que, impreterivelmente, desse fim a esse sistema injusto e opressor, instaurando o comunismo.